A amputação de parte da perna direita, à altura da canela, foi a medida adotada pelos médicos para interromper a intensa trombose que acometeu o ex-campeão brasileiro dos pesos pesados Gilton dos Santos (15-10-1, 12 KOs). Internado há pouco menos de dois meses no Hospital Municipal Odilon Behrens de Belo Horizonte, o atleta sofria de quadro vascular raro que impedia a circulação de sangue a partir da panturrilha em direção ao pé.
Dos Santos foi submetido a mais de uma dezena de cirurgias para desobstrução das veias, porém, todas as tentativas não alcançaram os resultados esperados. “Os especialistas me prepararam e me informaram sobre a medida drástica”, disse o atleta por telefone, com exclusividade à GE.Net, instalado no leito 24 do setor de Cirurgia Vascular do hospital, onde se recupera da intervenção há quase uma semana.
Se tudo correr dentro da normalidade, a previsão inicial é a de que ele obtenha alta em 20 dias. “Já consigo me ver caminhando com uma prótese e exercendo atividades quase normais”, revela com incrível tranquilidade. Dentro de algum tempo ele espera retomar as aulas de boxe para seus alunos, atuar como personal trainer e até mesmo voltar a trabalhar como segurança particular.Suas esperanças estão baseadas no apoio incondicional da família de 12 irmãos, da mulher Cristiane, dos dois filhos e da mãe, dona Helena, de 70 anos. Evangélico desde os 15 anos, Gilton dos Santos prefere a oração em vez da lamentação. “Agradeço a Deus todos os dias por manter-me vivo e alimentando sonhos que ainda posso realizar”, diz.O boxeador revela que sempre suportou os sinais de que algo não estava bem com sua perna. “Havia muito tempo que eu sentia cãibras, mas sempre imaginei que fossem em razão dos treinamentos e eu procurava a recuperação por meio de alongamentos”, relembra.
Mesmo no dia em que resolveu procurar os médicos, ele chegou a se exercitar pedalando mais de 15 quilômetros, pois estava se preparando para lutar. “Como as dores não cessaram me dirigi ao hospital. Nesse momento, um especialista detectou que havia algo errado com a circulação de sangue na panturrilha”, destaca.Como recebe a visita diária de amigos, familiares e outros pacientes, Gilton dos Santos não tem espaço para tristeza. “Todos têm me tratado com muito carinho. Não tenho do que reclamar”, sintetiza.
Contudo, ele diz que algumas pessoas ainda choram ao vê-lo sem parte da perna direita. “Em minutos mostro a elas que minha vida não está no fim e que desejo ter um caminho de paz. Com isso, essas pessoas acabam saindo do hospital com um sorriso no rosto”.No próximo mês de maio, dos Santos completa 44 anos, mas sabe que fez todo o possível para ser um vencedor dentro dos ringues. Seu último combate foi em abril de 2007 quando perdeu para George Arias. Graças ao boxe, ele diz que pôde escapar das armadilhas impostas pela periferia perigosa em que nasceu na capital mineira. “Não tenho nenhum vício e nunca me envolvi em situações comprometedoras. Pelo esporte me tornei um campeão”.
quarta-feira, 25 de março de 2009
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