A Santa Sé deplorou, nesta sexta-feira, a aprovação, por parte do Parlamento belga, de uma resolução na qual exortava o Governo de Bruxelas a protestar oficialmente, contra as declarações feitas por Bento XVI, em sua recente visita à África, sobre a ineficácia do uso dos preservativos na luta contra a AIDS.
O protesto foi apresentado ontem mesmo, pelo embaixador da Bélgica junto à Santa Sé, Frank de Coninck, ao secretário vaticano das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti.
"A Secretaria de Estado apreende com pesar, esta medida inusitada nas relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Bélgica, e deplora que uma assembleia parlamentar tenha julgado oportuno criticar o Santo Padre, a partir do resumo de uma entrevista, apresentado fora de seu contexto original" − diz o Vaticano, num comunicado oficial da Secretaria de Estado.
A nota da Secretaria de Estado precisa que o resumo da entrevista "foi usado por alguns grupos, com claras intenções de intimidar o papa, quase que para dissuadi-lo de se manifestar sobre alguns temas cuja relevância moral é óbvia, assim como de ensinar a doutrina da Igreja".
Segundo a nota, enquanto em alguns países europeus "se desencadeava uma campanha mediática sem precedentes", sobre o "valor preponderante, para não dizer exclusivo" do uso do preservativo na luta contra a AIDS, "conforta constatar" − prossegue a nota − que as afirmações do pontífice "foram entendidas e apreciadas, sobretudo, pelos africanos e pelos verdadeiros amigos da África, assim como por alguns membros da comunidade científica".
No dia 17 de março passado, a bordo do avião que o levava de Roma para Iaundê, no contexto da visita que realizou à África, Bento XVI disse aos jornalistas que faziam parte de sua comitiva, que a AIDS "não pode ser combatida apenas com dinheiro e com a distribuição de preservativos que, ao contrário, provocam apenas um aumento do problema".
Suas palavras, quando estava para iniciar uma visita a um continente onde 27 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV, foram duramente contestadas por diversos países ocidentais, que sublinharam a importância do uso do preservativo para prevenir o contágio do vírus.
No dia 2 do corrente, o Parlamento belga aprovou uma resolução na qual instava o Governo de Bruxelas a apresentar um protesto oficial perante a Santa Sé, pelas declarações do pontífice, o que foi feito nesta quinta-feira, como dissemos. (AF)
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